quinta-feira, 20 de novembro de 2014

'JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA - PARTE 1': DRAMA CHEGA AO ÁPICE E É O MELHOR DESTINADO AO PÚBLICO ADOLESCENTE NA ATUALIDADE


SINOPSE:

Após ser resgatada do Massacre Quaternário pela resistência ao governo tirânico do presidente Snow (Donald Sutherland), Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) está abalada.

Temerosa e sem confiança, ela agora vive no Distrito 13 ao lado da mãe (Paula Malcomson) e da irmã, Prim (Willow Shields).

A presidente Alma Coin (Julianne Moore) e Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman) querem que Katniss assuma o papel do tordo, o símbolo que a resistência precisa para mobilizar a população.

Após uma certa relutância, Katniss aceita a proposta desde que a resistência se comprometa a resgatar Peeta Mellark (Josh Hutcherson) e os demais Vitoriosos, mantidos prisioneiros pela Capital.

CRÍTICA:

A estreia de 'Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1' aqui no Brasil acontece cercada de polêmica.

Afinal, o longa marca um novo recorde, já que entra em cartaz em mais de 1300 salas por todo o país - ou seja: quase 50% do circuito brasileiro de cinemas - o que levou o órgão regulador do mercado, a Ancine, ligado ao governo federal, finalmente promover reuniões para se saber o real impacto que essas superproduções de Hollywood tem no dia a dia das salas brasileiras.

Mas nada que tire o brilho da boa história dos livros de Suzanne Collins, adaptado fielmente às telonas e onde o torneio Jogos Vorazes foi a forma encontrada pela autora para colocar no dia a dia dos adolescentes que a leem fielmente temas como fascismo, revolução, guerra, política e fanatismo.

Jennifer Lawrence como a protagonista Katniss - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Paris Filmes

Nesse terceiro longa baseado nos livros de Collins, o diretor Francis Lawrence mostra, mais uma vez, que sabe como tornar esses assuntos interessantes para os jovens e relevantes para adultos, graças, também,  ao elenco estelar - que tem lendas como Julianne Moore, Donald Sutherland, o recentemente morto Phillip Seymour-Hoffman e que é encabeçado pela jovem atriz Jennifer Lawrence, ganhadora do Oscar na categoria principal e seguramente a melhor atriz da sua geração.

Obviamente, não vemos a arena, mas tudo que foi construído nos filmes anteriores culmina numa guerra civil que pode significar a destruição de Panem ou a libertação de seu povo.

Dessa vez, Katniss (Lawrence) acorda no hospital do Distrito 13, após ser salva da arena do Massacre Quaternário.

Ela não aceita o fato de Peeta (Josh Hutcherson) ter sido deixado para trás e dificulta os planos da fria presidente Coin (Julianne Moore) de usá-la como símbolo da rebelião.

Entretanto, quando vê a destruição causada pela Capital no Distrito 12, sua casa, ela muda de ideia e decide ajudá-los, desde que o resgate de Peeta e outros vencedores dos Jogos seja uma das prioridades.

Josh Hutcherson como Peeta

A forma como a imagem de Katniss é usada é extremamente manipuladora e nos faz questionar o quanto o lado rebelde é diferente do Presidente Snow (Donald Sutherland) que fazia o mesmo quando a protagonista era uma das queridinhas dos fãs dos Jogos.

Além disso, as regras rígidas e costumes do Distrito 13 não parecem tão democráticos assim.

Entretanto, lá está Katniss, mais uma vez, agindo com o coração e deixando outros tomarem decisões por ela – tudo em nome do ódio pela Capital.

As referências da série são muitas e, mesmo que a narrativa se destine a agradar aos adolescentes, também é capaz de aprofundar questões sociais comuns a todos nós.

Afinal, esta 'Parte 1', assim como seus predecessores, foi feito para divertir - mas também é intrigante, desconstruindo a imagem do herói ao focar na pessoa por trás do símbolo - algo que Katniss nunca quis ser.

Como drama, este não chega em nenhum momento a ser arrastado, soporífero e muitas vezes chato, como acontece nos encerramentos de 'Crepúsculo' ou 'Harry Potter'.

Plutarch Heavensbee (Philip Seymour Hoffman) e presidente Alma Coin (Julianne Moore), em cena do longa

Na verdade, até chega a fechar a trama a qual se propõe, a situação de Katniss e Peeta - ou seja: a divisão do terceiro livro de Suzanne Collins em duas partes não se justifica e fica evidente a forma da Lionsgate faturar mais nas bilheterias.

Era possível enxugar algumas cenas e aumentar a duração em 40 minutos para encerar em apenas um filme.

Até a boa franquia 'Vingadores', da Disney/Marvel já entrou nessa modinha caça-níqueis de Hollywood, de fazer dois produtos inchados que poderiam, com bom trabalho de edição, se tornar apenas uma obra bem feita.

Mesmo assim, o longa acerta com folgas, ao mostrar a evolução dos personagens: Josh Hutcherson (Peeta), Jennifer Lawrence (Katniss) e Liam Hemsworth (Gale) souberam como dar novos ares a velhos personagens, cada um com novas funções e desafios.

Liam Hemsworth, como Gale

Elizabeth Banks (Effie) permanece como alívio cômico e Woody Harrelson ainda é o mentor de Katniss, mesmo fora dos Jogos.

O longa é também um ótimo 'canto do cisne' de Philip Seymour Hoffman: soberbo, o grande ator se destaca como Plutarch Heavensbee, a mente por trás da propaganda rebelde, em um de seus últimos trabalhos.

Todos mudaram de alguma forma, mas estão ligados por cicatrizes psicológicas e pelo desejo de uma vida melhor para os cidadãos de Panem.

Ainda existe a questão do triângulo amoroso, mas, como nos filmes anteriores, é algo tratado com realismo e passa longe de ser o foco da narrativa, já que, aqui, mais importante, o amor é reprimido por sentimentos de culpa, obrigação para com o outro e necessidade de sobrevivência, aspecto definitivo que separa esta franquia de outras - como 'Divergente', 'Crepúsculo' e outros filmes adolescentes, cujos romances são insossos e fogem à realidade.

O diretor tem também o mérito de criar sensação de tensão e horror ao longo de toda a projeção.

O espectador sente a urgência da situação e sabe que os protagonistas precisam agir para aproveitar as oportunidades e Jennifer Lawrence faz isso sem deixar de explorar momentos de leveza, que evitam que o tom pareça exageradamente opressivo para os adolescentes.

Como resultado, a narrativa é bem equilibrada e não apela para o melodrama.

A 'Parte 1' transmite otimamente bem o pensamento de que, em circunstâncias como essas, não há respostas simples, não há herói perfeito ou governos ideais, pois o verdadeiro perigo está no extremismo:

O longa só falha em mostrar Snow como vilão supremo, mas se torna um achado - especialmente para o espectador brasileiro pós eleições - ao mostrar a oposição como algo quase tão ruim quanto.

Donald Sutherland como o presidente Snow

Katniss precisa escolher entre duas péssimas opções da melhor maneira possível, além de aprender a aceitar as consequências de seus atos e dilemas como esse é que fazem com que a franquia 'Jogos Vorazes' seja a melhor voltada para o público jovem na atualidade, disparado.

Filmaço.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'JOGOS VORAZES: A ESPERANÇA - PARTE 1'
Título Original:
THE HUNGER GAMES: MOCKINGJAY - PART 1
Gênero:
Drama de ação
Direção:
Francis Lawrence
Roteiro:
Danny Strong, Suzanne Collins
Elenco:
A. Michelle Harleston, Elden Henson, Evan Ross, Josh Hutcherson, Julianne Moore, Kim Ormiston, Liam Hemsworth, Lily Rabe, Mahershala Ali, Misty Ormiston, Natalie Dormer, Patina Miller, Philip Seymour Hoffman, Sam Claflin, Stef Dawson, Taylor McPherson, Wes Chatham
Produção:
Jon Kilik, Nina Jacobson
Fotografia:
Jo Willems
Montador:
Alan Edward Bell, Mark Yoshikawa
Trilha Sonora:
James Newton Howard
Duração:
125 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
20/11/2014
Distribuidora:
Paris Filmes
Estúdio:
Color Force / Lionsgate Films
Classificação:
12 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

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