quinta-feira, 23 de outubro de 2014

'DRÁCULA: A HISTÓRIA NUNCA CONTADA': PROTAGONISTA E ROTEIRO FRACOS, BATALHAS CAPRICHADAS


SINOPSE:

O reino da Transilvânia sempre teve uma relação tensa com os Turcos.

Para evitar que sua população fosse massacrada, o rei local aceitou entregar aos turcos centenas de crianças e entre elas estava seu próprio filho, Vlad Tepes (Luke Evans), que aprendeu com os turcos a arte de guerrear.

Logo Vlad ganhou fama pela ferocidade nas batalhas e também por empalar os derrotados.

De volta à Transilvânia, onde é nomeado príncipe, ele governa em paz por 10 anos, só que o rei Mehmed (Dominic Cooper) exige  que outras 1000 crianças sejam entregues aos turcos.

Vlad se recusa e, com isso, inicia uma nova guerra e para vencê-la, ele recorre a um Ser das Trevas (Charles Dance) que vive na região.

Após beber o sangue dele, Vlad se torna um vampiro com poderes sobre humanos: Drácula.

CRÍTICA:

O personagem Drácula começou sua trajetória na literatura, criado pelo escritor irlandês Bram Stoker para sua novela gótica do mesmo nome, publicada pela primeira vez em 26 de maio de 1897.

Se a partir do sucesso absurdo do livro, a história de Drácula se transformou em uma das mais contadas no cinema, o que o espectador poderia esperar de diferente em relação ao consagrado personagem, em pleno 2014?

Tentando voltar a ser a expert em filmes de monstros que foi outrora, a Universal Pictures resolveu arriscar tudo, criando 'Drácula: A História Nunca Contada', em exibição em 296 salas em todo o Brasil.

E não é que o estúdio conseguiu inovar e criou uma história de super-herói  surpreendente com o temido vampiro - mesmo com um protagonista e roteiro fracos?

Mesmo com um protagonista instável, roteiro irregular e atuações fracas, a Universal procurou ir além do conto clássico e quem gosta da franquia 'Anjos Da Noite' ou estiver disposto a ver Drácula como herói sombrio à la Batman (que, aliás, foi inspirado nele) curtirá muito essa produção, onde tudo, desde o motivo da guerra até a sua conclusão, se baseia em situações improváveis, que funcionam apenas se não forem analisadas a fundo.

A trama começa quando um vampiro que mora nas montanhas da Transilvânia mata batedores turcos que se aventuravam por ali, o que faz o império Turco fazer o pequeno reino pagar pela "ousadia", exigindo como tributo outras 1000 crianças para serem treinadas como soldados - eles já tinham feito isso antes.

Luke Evans é o protagonista Drácula - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Universal Pictures do Brasil
Drácula (Luke Evans), governante local e que estava na primeira leva de crianças enviadas aos turcos, aceita as condições, mas quando os inimigos querem levar seu próprio filho, ele decide enfrentá-los e sem exército, resolve visitar um ser mitológico que vive nas montanhas, a fim de conquistar seus poderes.

Evidente, a trama, acelerada, é feita justamente para que o protagonista tenha superpoderes antes da metade do filme e nem é preciso mencionar os motivos tolos para a invasão ou as atitudes sem sentido do protagonista até então.

Porém, é impossível ao espectador pensante ignorar uma falha absurda no roteiro: como Drácula sabia da criatura que vivia na montanha, da qual nunca ouvira falar até dias antes e sua única fonte de informação, um livro de mitos antigos, poderia lhe conceder poderes suficientes para destruir um exército de 100 mil homens?

Com o filho, interpretado por Art Parkinson
Na dúvida, o diretor Gary Shore preferiu ignorar detalhes e seguir em frente para chegarmos ao que interessa: porrada, muita porrada.

Quando a ação começa, de fato, o longa fica divertido, com efeitos muito interessantes e batalhas sangrentas.

Embora pouco se saiba do mundo além das fronteiras da Transilvânia, o clima gótico funciona ao mostrar um reino desolado, cercado de picos íngremes, com nevoa constante e florestas sombrias - ponto maior para a direção de arte, que cria belos cenários e figurinos que fazem sentido.

Logo fica evidente que o protagonista se tornou um ser indestrutível, o que faz com que o senso de urgência e perigo desapareça por completo.

Se Drácula se preocupa com a família, sua mulher e filho são tão desinteressantes que fica difícil ao espectador se importar realmente com o destino deles - culpa maior de um elenco de apoio que não ajuda.

Com a mulher, interpretada por Sarah Gadon
Mais: o vilão é caricato, seus capangas são ainda piores e os aliados, fracos e dispensáveis.

O próprio Drácula, interpretado por Luke Evans,  é mal construído, incapaz de conciliar atos e palavras e se os diálogos tentam leva-lo a ser um paladino da justiça, suas ações são cruéis e irresponsáveis.

Enfim, essa tentativa de humanizar o mais famoso vampiro é o principal problema do longa.

Os produtores sentiram a necessidade de transformá-lo em alguém honrado para justificar o uso do monstro como herói da ação e como consequência, faltou coerência ao protagonista, que parece mentalmente instável - embora essa não seja a intenção do longa.

Preparação para as batalhas
O roteiro fraco e repleto de furos apenas reforça os defeitos e, assim, a dica é: assista despreocupadamente ao lado de bons amigos, com baldes de pipoca, cervejas e aproveite as batalhas.

TRAILER:


FICHA TÉCNICA:
'DRÁCULA: A HISTÓRIA NUNCA CONTADA'
Título Original:
DRACULA UNTOLD
Gênero:
Ação
Direção:
Gary Shore
Roteiro:
Burk Sharpless, Matt Sazama
Elenco:
Andrew Zographos, Anthony Briers, Arkie Reece, Art Parkinson, Ash Cook, Bobby Marno, Bomber Hurley-Smith, Charlene Gleeson, Charles Dance, Charlie Berkeley, Charlie Cox, Chris Cherry, Cole Currin, Darren Speers Crothers, Davide Manganelli, Diarmaid Murtagh, Dilan Gwyn, Dominic Borrelli, Dominic Cooper, Ferdinand Kingsley, Frank Cannon, Glen Barry, Gordon Bell, Hunter Stratton Boland, J.J. Murphy, James Edlin, Jeffrey Nelson, Jesse Morris, Joana Metrass, Joseph Long, Lasco Atkins, Laurence Doherty, Luke Evans, Marco Staines, Matthew Åkerfeldt, Mel Lyle, Neville Steenson, Nick Donald, Noah Huntley, Omar Youssef, Paul Bullion, Paul Casar, Paul Kaye, Peter Heenan, Rachel Kennedy, Richard Buick, Richard Hansen, Ronan Vibert, Ross Moneypenny, Ruth Baxter, Samantha Barks, Sarah Gadon, Shane McCaffrey, Thor Kristjansson, Tom Benedict Knight, Tyrone Kearns, William Houston, Zach McGowan
Produção:
Alissa Phillips, Jon Jashni, Joseph M. Caracciolo Jr., Michael De Luca, Thomas Tull
Fotografia:
John Schwartzman
Montador:
Richard Pearson
Trilha Sonora:
Ramin Djawadi
Duração:
92 min.
Ano:
2014
País:
Estados Unidos
Cor:
Colorido
Estreia no Brasil:
23/10/2014
Distribuidora:
Universal Pictures Brasil
Estúdio:
Legendary Pictures / Michael De Luca Productions / Universal Pictures

COTAÇÃO DO KLAU:

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